quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Mal Nenhum - Capítulo Um

A menina se esgueirou para a primeira carteira e esperou o sinal tocar escrevendo mais uma de suas inúmeras histórias. Ela adorava se perder naquele mundo mágico em que as palavras lhe cercavam e tudo estava certo. Era como sonhar acordada, para ela.
O sinal bateu ao mesmo tempo que o professor de Biologia entrava em sala, um senhor moreno com olhos castanhos escuros,  cabelos pretos raspados e de estatura abaixo da média para ser um americano considerado "alto".
- Bom dia classe! Hoje vamos começar com... - umas batidas na porta o interromperam.
Todos olharam naquela direção e, pela segunda vez só nessa semana, o garoto chegava atrasado. Ninguém ainda sabia seu nome e ele parecia fazer questão de sentar atrás de Annabelle, algo que não era nenhum pouco confortável para ela.
O professor pigarreou e continuou a dar aula. Parecia que o garoto tinha algum tipo de acordo com o corpo docente da escola que nenhum mencionava seu nome.
Anna tentou se concentrar na aula, mas a respiração ritmada e leve do rapaz a desconcentrava e colocava pensamentos que ela não gostava de ter durante o dia na cabeça.
Uma risada baixa pode ser ouvida pela garota quando o professor perguntou a ela se estava tudo bem. Parecia que o garoto sabia o que estava acontecendo com ela.
Finalmente, o sinal bateu e a menina, praticamente, correu para fora da sala em direção ao laboratório de Química. Por sorte, o rapaz mistério não estaria na mesma sala.
As duas aulas de Química foram as melhores, mas acabaram pouco antes das dez e meia, avisando que o intervalo começava.
Annabelle seguiu para a biblioteca, não estava afim de comer depois dos acontecimentos, precisava de uma boa dose de romances como Ahmnat para acalmar os nervos.
Enquanto isso, o rapaz pegava seu violão no armário e ia até a quadra de futebol, atrás da arquibancada. Ele estava detestando tudo ali, mas a menina lhe chamava a atenção. Annabelle era um nome frequente em sua cabeça, gostava de lembrar como a respiração da garota acelerava cada vez que ele estava por perto, como se estivesse a provocando apenas por estar ali.
Ele começou a tocar uma música que estava compondo e logo os olhos escuros da menina lhe invadia a mente. Ela era como um gato preto no meio de cachorros brancos, nada romântica ou boba como os outros achavam. Ela ainda ia destruir tudo aquilo. Com esse pensamento, o rapaz sorriu e começou outra vez a letra da música. Black Cat.
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Passava das dez da noite quando a menina saiu pela janela, o sobretudo preto era quase invisível na escuridão do campus, mas os sapatos vermelhos escarlate a entregavam.
Dez minutos depois, Anna já se encontrava em frente ao pub que sempre ia, o Five Feet Underground. Ela entrou sem nenhuma dificuldade e foi logo em direção ao bar, cumprimentando o barman e pedindo o de sempre.
- Se eu não me engano, você é do primeiro ano. Não pode beber. - uma voz suave sussurrou em seu ouvido e ela arrepiou.
A pessoa foi para seu lado e ela pode reconhecer o rapaz mistério, ficando desconfortável na hora.
- E o que isso tem haver com você? - forçou a voz num tom de indiferença, o rapaz riu.
- Nada. Apenas um aluno do terceiro ano preocupado com a geração que está vindo! - disse num tom zombeteiro, o que irritou Annabelle profundamente.
- Não se preocupe, a geração sabe se cuidar. Se me dá licença, estranho... - respondeu seca e o sorriso do outro se alargou.
- Meu nome é Bruce Pennyworth, caso queira saber... - disse enquanto ela saia desfilando para a pista de dança com um copo de vodka na mão.
- Não quero. - a moça respondeu sem se virar.
Veremos quem vai ceder primeiro... pensou o rapaz pegando seu whisky duplo.

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